segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Sistema Agroflorestal

Às vésperas da Convenção das Nações Unidas sobre o Clima, em Copenhague, na Dinamarca, onde países vão discutir redução de emissão de CO2, um projeto pioneiro executado há 22 anos por pequenos agricultores em Nova Califórnia, Rondônia, de atividades extrativistas pelo sistema agroflorestal, evita a devastação de mais áreas de floresta, contribuindo, assim, para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. O SAF (Sistema Agroflorestal) permite atividades extrativistas sustentáveis associadas à reconstituição de regiões degradadas.
Com apoio do subprograma Projetos Demonstrativos (PDA), do Programa de Proteção às Florestas Tropicais (PPG7/MMA), o projeto Reca (Reflorestamento Econômico Consorciado e Adensado) é conduzido por uma organização de agricultores associados que optaram por investir na produção de espécies típicas da floresta amazônica, em detrimento da lavoura branca e da pecuária, de forma a garantir a preservação do bioma e o plantio de vegetação nativa. Localizado nas divisas entre o Acre, Amazonas e Bolívia, o projeto se destacou como alternativa econômica bem sucedida em meio a uma região notoriamente desmatada.
A sede da associação beneficia e comercializa a produção de 300 famílias, e indiretamente de outras 500. Atualmente, o Reca conta com cerca de 1500 hectares de SAFs (Sistemas Agroflorestais) implantados em várias áreas de plantios, onde existem mais de 40 tipos diferentes de espécies (dentre frutíferas, madeireiras e medicinais). O reflorestamento é feito de forma consorciada e adensada, com pouquíssimas áreas de monocultura.
Cada agricultor participante recebe pelo que produz e tem o compromisso de plantar pelo menos um produto agroflorestal, além de participar das reuniões promovidas pela organização. A produção é trazida para a sede do Reca para ser beneficiada. Depois os produtos são comercializados pelo grupo, o que garante um aumento do preço final para o produtor. No último ano, a associação teve um faturamento de R$3 milhões, e há a expectativa de que a produção seja duplicada em cinco anos.
De acordo com Hamilton Condack, gerente de comercializaçã o do Reca, trata-se de uma organização social produtiva de base familiar comunitária. O modelo é participativo e de gestão compartilhada, e todo agricultor se sente parte e dono do projeto. O objetivo dos cooperados é promover a sustentabilidade com qualidade de vida, de forma que a sociobiodiversidade da Amazônia seja respeitada.
Ele garante que o sistema já está sendo replicado em outras áreas da região amazônica pelos bons resultados apresentados. "Em uma pequena área de plantio de cupuaçu e pupunha, por exemplo, a renda supera a da criação de 100 cabeças de gado", explica Condack.
O projeto já recebeu duas vezes o Prêmio Chico Mendes. Também foi condecorado com o primeiro lugar da Fundação Ford e pelo Objetivo Desenvolvimento do Milênio(ODM), do Governo Federal, além de outras premiações relevantes.
O Reca também está investindo no processo de certificação florestal, e hoje 50% da produção vêm de áreas certificadas por órgãos como o Innaflora e Instituto Biodinâmico Orgânico (IBD).
Também está sendo realizado um trabalho de conscientizaçã o, treinamento e capacitação de um grupo expressivo de agricultores do projeto. "Pretendemos certificar todas as nossas propriedades, bem como toda a cadeia produtiva", comenta o coordenador presidente Eugênio Vacaro.
ASCOM MMA

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