quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

De onde vem a consciência ambiental

Os principais encontros mundiais e seus avanços para conscientização ambiental de empresas, pessoas e comunidades, contadas em ordem cronológica. Confira!

Os problemas ambientais apontam para a necessidade de se repensar processos de produção de modo a criar-se e adotar-se normas e leis específicas. Essa necessidade se deu, em maior escala, nos períodos da Idade Média, com o crescimento populacional nas cidades, da Revolução Industrial, com maior concentração da população nas cidades, e também na Segunda Guerra Mundial,que agravou os índices de poluição por conta do grande crescimento da produção industrial.

Assim, ONGs ambientalistas e a conscientização dos países desenvolvidos sobre os problemas ambientais contribuíram para que as Nações Unidas decidissem, em 1968, convocar a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, que ocorreria anos mais tarde em Estocolmo, na Suécia.

1971 - Painel de FOUNEX (Suíça)
O conceito de ecodesenvolvimento (desenvolvimento baseado na potencialidade de cada ecossistema) leva em conta a participação das populações locais, a redução dos desperdícios de qualquer ordem e a reciclagem dos resíduos.

Neste mesmo ano, o Clube de Roma (formado por cientistas de vários países) publicou seu primeiro relatório chamado "Os limites do crescimento" (The limits to growth), baseado em um complexo modelo matemático mundial.

1972 - Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano - Estocolmo (Suécia)
A Assembléia Geral das Nações Unidas, realizada no final de 1972, aprovou a proposta para a criação do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), com o objetivo de catalisar e coordenar as atividades de proteção ambiental dentro do sistema das Nações Unidas.

1976 - Divulgação do terceiro relatório do CLUBE DE ROMA - "Para uma nova ordem internacional"
O Clube de Roma divulgou seu terceiro relatório, intitulado "Para uma nova ordem internacional" (Reshaping the international order), demonstrando a relação média de renda entre os países desenvolvidos e os subdesenvolvidos, que era de 13 para 1. Tal valor foi considerado inaceitável, em função dos problemas sociais que já estava provocando (migração clandestina para os países industrializados, por exemplo) e o que poderia causar em um futuro próximo.

1981 - Estratégia Mundial para a Conservação - UICN (União Mundial para a Conservação) e PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente)
O objetivo era alertar a opinião pública para os perigos das pressões exercidas sobre os sistemas biológicos, introduzindo o termo "Desenvolvimento sustentável" e enfatizando três objetivos para a conservação do planeta Terra:
- Manter os processos ecológicos essenciais e os sistemas de sustentação da vida;
- Preservar a diversidade genética;
- Assegurar a utilização sustentada de espécies e ecossistemas.

1982 - Sessão especial do Conselho de Administração do PNUMA - NAIROBI (Quênia)
Uma nova e importante preocupação entrava em cena: Os problemas ambientais globais indicavam que os resíduos e a poluição gerados pelas atividades humanas já estavam excedendo, em algumas áreas, a capacidade de assimilação da biosfera.

1983 - Comissão Mundial Independente sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Comissão Brundtland)
"Nosso futuro comum" (Our common future) foi o nome dado ao relatório divulgado pelas Nações Unidas em 1987, que defendeu o desenvolvimento sustentável como a única alternativa para viabilizar o futuro da humanidade, evitar a incontrolável mortalidade da população prevista no primeiro relatório do Clube de Roma e impedir as graves convulsões sociais previstas no terceiro relatóriodo Clube de Roma.

1988 - 43ª Sessão da Assembléia Geral das Nações Unidas - Resolução 43/196
Em 1988, a 43ª Sessão da Assembléia Geral das Nações Unidas aprovou a Resolução 43/196, que propunha realizar, até 1992, uma nova conferência sobre temas ambientais, com o objetivo de discutir as conclusões e as propostas do Relatório Brundtland e comemorar os 20 anos da Conferência de Estocolmo.
A OMM (Organização Metereológica Mundial) criou o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), publicando o seu primeiro relatório em 1990.

1992 - "ECO 92" – Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – CNUMAD - RIO DE JANEIRO (Brasil)
O evento e contou com dois importantes encontros:
- A Conferência das Nações Unidas (governamental), com a presença de 178 países e a participação de 112 Chefes de Estado, resultando na maior conferência desse tipo jamais realizada.
- O Fórum Global, uma conferência paralela dos setores independentes (ONGs ambientalistas e outros setores como indústrias, povos tradicionais, mulheres, etc.)

Esta conferência realizada no Rio de Janeiro contou com mais de 30 mil pessoas mudou o estilo de desenvolvimento de nossas gerações futuras, além de resultar em diversos avanços.

1995 - COP 1 - 1ª Conferência das Partes sobre Mudança Climática - BERLIM (Alemanha)
A primeira Conferência das Partes foi marcada pela incerteza quanto ao significado do que cada um dos países possuía para combater as emissões de gases com efeito de estufa. Isso resultou no “Mandato de Berlim”, que estabeleceu um período de dois anos de análise e fase de avaliação para prover um catálogo de instrumentos a partir do qual os países membros podiam escolher e compor um conjunto de iniciativas que correspondem às suas necessidades.

1997 - COP 3 - 3ª Conferência das Partes sobre Mudança Climática - QUIOTO (Japão)
Os países industrializados deveriam reduzir suas emissões de gases estufa em 5,2% em média até 2012. O Protocolo de Quioto é consequência de uma série de eventos iniciada com a Toronto Conference on the Changing Atmosphere, no Canadá (1988), seguida pelo IPCC's First Assessment Report em Sundsvall,Suécia (1990) e que culminou com a Convenção –Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (ECO 92), no Rio de Janeiro, Brasil (1992).

2002 - Cúpula Mundial para o Desenvolvimento Sustentável - JOHANNESBURGO (África do Sul)
O Secretário Geral das Nações Unidas, Kofi Annan,declarou, na solenidade de encerramento, que, se tivesse de agradecer a algum país, agradeceria ao país anfitrião, por sediar a conferência e ao Brasil, por ser o país que mais havia avançado na questão ambiental nos últimos 10 anos.

2009 – COP 15 - 15ª Conferência das Partes sobre Mudança Climática - Copenhague (Dinamarca)
Realizada para decidir sobre a continuação ou não do Protocolo de Quioto e sobre novas metas de redução da emissão dos gases estufa para os países industrializados (dessa vez incluindo países emergentes, como o Brasil, China e Índia), porém não houve acordo entre os países, pela não definição de metas concretas, por parte dos Estados Unidos, e pela recusa da China em aceitar metas obrigatórias, e mesmo tendo sido considerada um fracasso, foi importante para preparar o processo de negociações dos próximos encontros.

2010 - 10ª Conferência das Partes da Organização das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica - NAGOYA (Japão)
O maior avanço dessa Conferência foi um acordo dos países em torno de três principais temas:
- O protocolo de acesso e repartição de benefícios dos recursos genéticos da biodiversidade (ABS na sigla em inglês) com os aspectos principais contemplados;
- Um Plano Estratégico para o período 2011/2020 relativamente ambicioso de redução da perda de biodiversidade para a próxima década;
- Uma sinalização de recursos financeiros para a implementação das ações de conservação.

2010 - COP 16 - 16ª Conferência das Partes sobre Mudança Climática - CANCUN (México)
O grande avanço dessa conferência tenha sido a criação do “Fundo Verde”, que irá distribuir US$100 bilhões por ano para a adaptação e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas nos locais mais vulneráveis, recursos estes que serão administrados pelo Banco Mundial.

Desde o começo, a Conferência do Clima (COP16) deixou de lado a idéia de um acordo global com força de lei para limitar as emissões e se focou em conseguir avanços concretos em temas como financiamento, preservação florestal e transferência de tecnologias limpas.

Após diversos encontros e discussões, ao longo de mais de quase 40 anos, o conceito de desenvolvimento sustentável está muito claro, mas a prática deve superar três grandes desafios globais:
- Garantir a disponibilidade de recursos naturais;
- Respeitar os limites da biosfera para absorver resíduos e poluição;
- Reduzir a pobreza em nível mundial.

As empresas que querem continuar competitivas devem atuar de forma sustentável, adotando um novo modelo de pensar e fazer negócios, procurando conciliar resultados econômicos, sociais e ambientais, representando uma nova visão de negócio: sensível,
ética e, sobretudo, inteligente.



Ednei Fialho Lopes (Especialista em meio ambiente pela Fundação Getúlio Vargas, atua no Banco HSBC há 13 anos e como Climate Champion desde 2008, formado pelo Programa HSBC Climate Partnership. Desenvolve e lidera projetos de ecoeficiência e ações de voluntariado socioambiental para o Comitê Regional de Ação Voluntária do Estado de São Paulo, além de promover campanhas de conscientização, palestras e atividades em seu blog, chamado Faça Sua Parte).



Fonte: http://www.hsm.com.br/editorias/sustentabilidade/de-onde-vem-consciencia-ambiental?utm_source=news_sustentabilidade_090211&utm_medium=news_sustentabilidade_090211&utm_content=news_sustentabilidade_090211_de-onde-vem-consciencia-ambiental&utm_campaign=news_sustentabilidade_090211

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