terça-feira, 23 de junho de 2009

Estatística - PDCA (continua)


A estatística é a ciência que trata da coleta, do processamento e a disposição de dados.
Um processo sempre apresenta variabilidade.
Os produtos defeituosos são produzidos devidos à presença da variabilidade.
A redução da variabilidade dos processos implica em uma diminuição do número de produtos defeituosos fabricados.A redução da variabilidade dos processos envolve a coleta, o processamento e a disposição de dados, para que as causas fundamentais da variação possam ser identificadas, analisadas e bloqueadas.Existem dois tipos de causas para a variação na qualidade dos produtos provenientes do processo:
· Causas Comuns ou Aleatórias;
· Causas Especiais ou Assinaláveis.
A variação provocada por causas comuns, também conhecida como variabilidade natural do processo, é inerente ao processo considerado e estará presente mesmo que todas as operações sejam executadas empregando métodos padronizados. Quando apenas as causas comuns estão atuando em um processo, a quantidade de variabilidade se mantém numa faixa estável, conhecida como faixa característica do processo. Para que um processo seja previsível é necessário que ele esteja sobre controle estatístico.Já as causas especiais de variação surgem esporadicamente, devido a uma situação particular que faz com que o processo se comporte de um modo diferente do usual, o que pode resultar em um deslocamento do seu nível de qualidade (anomalia).
Logo, será possível reduzir a variabilidade dos processos por meio das seguintes ações:
· Eliminação das causas especiais de variação ou anomalias.
· Redução das causas comuns de variação.
As causas especiais de variação devem ser imediatamente identificadas, analisadas e eliminadas para que o processo volte ao estado de controle estatístico.Além disso, devem ser adotadas medidas que impeçam a reincidência destas causas.Já a redução das causas comuns de variação é baseada em ações de melhoria do processo, as quais implicam em uma alteração de seu nível de qualidade.
Para que a redução da variabilidade de um processo possa ser alcançada é fundamental diferenciar, na prática, os dois tipos de causa de variação, já que para cada um deles deverá ser adotada uma forma particular de ação gerencial.
As sete ferramentas da qualidade:
· Estratificação
· Folha de verificação
· Gráfico de pareto
· Diagrama de causa e efeito
· Histograma
· Diagrama de dispersão
· Gráfico de controle.
A variabilidade de um processo pode ser reduzida nas seguintes fases: No projeto do processo (deveremos agregar valores que tornem o projeto mais robusto, menos sujeito às variabilidades) e, na operação do processo (deveremos atuar e diferenciar de forma apropriada sobre as causas comuns – aleatórias – e causas especiais – assinaláveis – de variação).
O Controle da Qualidade Total “é um sistema de técnicas que permitem a produção econômica de bens e serviços que satisfaçam as necessidades do consumidor”, segundo a norma japonesa JIS Z 8101.
Segundo Ishikawa, k. (1989,1993), “praticar um bom controle de qualidade é desenvolver, projetar, produzir e comercializar um produto de qualidade que seja mais econômico, mais útil e sempre satisfatório para o consumidor”.
O controle da qualidade moderno teve seu início na década de 30, nos Estados Unidos, com a implantação industrial do gráfico de controle inventado pelo Dr. Walter A. Shewart, da empresa de telefonia “Bell Telephone Laboratories”. Em um memorando com data de 16 de maio de 1924, o Doutor Shewart propôs o uso do gráfico de controle para a análise de dados resultantes de inspeção, fazendo com que a importância dada à inspeção, um procedimento baseado na detecção e correção de produtos defeituosos, começasse a ser substituída por uma ênfase no estudo e prevenção dos problemas relacionados à qualidade, de modo a impedir que os produtos defeituosos fossem produzidos.
No entanto, a Segunda Guerra foi o grande catalisador para a aplicação do controle da qualidade em um maior numero de indústrias americanas.
A produção americana do ponto de vista qualitativo, quantitativo e econômico, foi muito satisfatória durante este período devido, em grande parte, ao emprego do controle da qualidade e da Estatística moderna. Naquela época os procedimentos para o controle da qualidade foram publicados sob a forma de normas, conhecidas como “American War Standards Z1.1 – Z1.3”.
O controle da qualidade total também foi adotado relativamente cedo na Inglaterra. Em 1935, os trabalhos sob o controle do estatístico E. S. Pearson foram utilizados como base para a elaboração dos Padrões Normativos Britânicos (“British Standard BS 600”).
Antes da Segunda Guerra Mundial, o Japão já conhecia os padrões normativos britânicos BS 600 e alguns especialistas japoneses já haviam começado a estudar as técnicas estatísticas modernas. No entanto, os resultados deste trabalho foram expressos sob uma forma matemática complexa, o que dificultou sua adoção.
Após a derrota na Segunda Guerra, as forças americanas de ocupação chegaram ao país e descobriram que o sistema telefônico japonês apresentava um grande numero de falhas, o que era um empecilho para o exercício da administração militar. A baixa confiabilidade do telefone japonês não era uma conseqüência apenas da guerra – o problema era resultado da baixa qualidade do equipamento. Diante deste quadro, os americanos determinaram, em maio de 1946, que a indústria de telecomunicações japonesa implantasse um programa eficiente de controle da qualidade, com o objetivo de eliminar os defeitos e a falta de uniformidade na qualidade dos equipamentos produzidos. As forças de ocupação então começaram a educar as indústrias japonesas diretamente a partir do método americano, o qual não foi modificado a adaptar melhor à cultura japonesa. Este fato gerou algumas dificuldades, mas como foram obtidos resultados muito bons, o método americano passou a ser utilizado por empresas de outros setores da economia.
Ainda em 1946 foi criada a JUSE (Union of Japanese Scientists and Engineers). Em 1949 a JUSE formou o grupo de Pesquisa do Controle da Qualidade. Este grupo tinha como objetivos pesquisar e disseminar os conhecimentos sobre controle da qualidade, para que as indústrias japonesas pudessem melhorar a qualidade de seus produtos e aumentar os níveis de exportação.
Em 1950 a JUSE convidou o estatístico William Edwards Deming, dos Estados Unidos, para proferir um seminário sobre controle da qualidade para administradores e engenheiros. Neste seminário foram abordados os seguintes tópicos:
· Utilização do ciclo PDCA para a melhoria da qualidade.
· A importância do entendimento da variabilidade presente em todos os processos de produção e de serviços.
· Utilização de gráficos de controle para o gerenciamento de processos.

O controle de qualidade então foi amplamente empregado no Japão na década de cinqüenta, com uso intensivo de técnicas estatísticas, tais como inspeção por amostragem e gráfico de controles. No entanto, naquele período o controle da qualidade japonês passou a enfrentar alguns problemas. O primeiro deles foi à ênfase excessiva dada às técnicas estatísticas, o que criou nas pessoas a impressão incorreta de que o controle da qualidade algo muito complicado. Outro fator foi o pouco interesse apresentado pelos dirigentes.
Com o objetivo de resolver parte destes problemas, a JUSE convidou, em 1954, o engenheiro americano J. M. Duran para proferir seminários para a alta administração de varias empresas japonesas. A partir do ponto de vista de J. M. Duran, o controle da qualidade passou a ser entendido e utilizado como uma ferramenta administrativa, o que representou o inicio da transição do controle estatístico da qualidade para o controle da qualidade total como e praticado atualmente, envolvendo a participação de todos os setores e de todos os empregados da empresa.
Durante a promoção das atividades de controle de qualidade, os pesquisadores e usuários japoneses começaram a perceber que, enquanto alguns ramos do conhecimento são universais e igualmente aplicáveis em todos os países do mundo, o controle da qualidade dependia muito de fatores humanos e culturais, devendo então apresentar diferenças de um país para o outro.
A partir desta percepção, foi desenvolvido, com base no sistema americano e inglês, um método japonês para o controle da qualidade, que levava em conta as diferenças existentes entre o Japão e os paises ocidentais. Esse método foi evoluindo no decorrer dos anos, tendo dado origem ao controle da qualidade total no estilo japonês que, segundo Ishikawa, K. (1989,1993), apresenta as seguintes características básicas:
1. Participação de todos os setores e de todos os empregados da empresa na prática do controle da qualidade.
2. Educação e treinamento em controle da qualidade.
3. Atividade dos círculos de controle da qualidade.
4. Auditorias do controle da qualidade: para obtenção do prêmio Deming e pelo presidente da empresa.
5. Utilização das técnicas estatísticas: disseminação das Sete ferramentas da Qualidade e emprego de outras ferramentas mais avançadas.
6. Campanhas nacionais de promoção do controle de qualidade.
Conceitos básicos do TQC:
Qualidade – de acordo com Campos, V.F. (1992), “um produto ou serviço de qualidade é aquele que atende perfeitamente, de forma confiável, de forma acessível, de forma segura e no tempo certo às necessidades do cliente”.
Os componentes:
· Qualidade – refere-se às características intrínsecas do produto (bens ou serviços) finais ou intermediários da empresa, as quais definem as capacidades destes bens ou serviços de promoverem a satisfação do cliente. A qualidade intrínseca inclui a qualidade do bem ou serviço (ausência de defeitos e presença de características que agradem ao consumidor), qualidade do pessoal, qualidade de informação, qualidade do treinamento, entre outros aspectos.
· Custo – o custo operacional para a fabricação do bem ou fornecimento do serviço e envolve, por exemplo, os custos de compras, de vendas, de produção, de recrutamento, e de treinamento. O custo resulta do projeto, fabricação e desempenho do produto. O preço é estabelecido pelo mercado em função de fatores tais como valor agregado, disponibilidade, imagem, entre outros. Portanto, custo e preço resultam de fatores diferentes.
· Entrega – à entrega de produtos finais e intermediários de uma empresa. A entrega deve acontecer na quantidade, na data e no local certos.
· Moral – mede o nível de satisfação das pessoas que trabalham na empresa. Como os produtos (bens ou serviços) que serão fornecidos aos clientes serão produzidos pelas pessoas, é claro que deverá haver um bom ambiente de trabalho para que os bens ou serviços sejam de boa qualidade, capazes de garantir o atendimento das necessidades do cliente. O nível médio de satisfação das pessoas que trabalham na empresa pode ser medido por índices de absenteísmo, de demissões, de reclamações trabalhistas, de sugestões, entre outros.
· Segurança – os produtos não devem provocar acidentes aos seus usuários e não devem ocorrer acidentes de trabalho na empresa.

Um processo é uma combinação dos elementos: equipamentos, insumos, métodos ou procedimentos, condições ambientais, pessoas e informações do processo ou medidas, tendo como objetivo a fabricação de um bem ou o fornecimento de um serviço.
Um processo pode ser dividido em processos menores. Esta divisibilidade de um processo é importante por permitir que cada processo menor seja controlado separadamente, facilitando a localização de possíveis problemas e a atuação nas causas destes problemas, o que resulta na condução de um controle mais eficiente de todo o processo.

- ITENS DE CONTROLE

Para que seja possível controlar um processo, a primeira tarefa consiste na identificação dos seus clientes, os quais deverão ter as suas necessidades satisfeitas.Após a identificação dos clientes, o próximo passo será a identificação dos produtos que lhe serão entregues.Logo após ter sido identificado os produtos, deverão ser estabelecidos às características da qualidade deste produto que são necessárias ao cliente.Para a garantia da satisfação do cliente será preciso transformar estas características em grandezas mensuráveis, as quais são denominados itens de controle.Em outras palavras, os itens de controle medem a qualidade intrínseca, o custo, a entrega e a segurança do produto que será fornecido ao cliente e o moral das pessoas que trabalham no processo que o fabrica. Um processo é então gerenciado por meio de seus itens de controle, os quais são acompanhados periodicamente para que seja possível detectar eventuais resultados indesejáveis do processo.
Os itens de controle de um processo são afetados por várias causas. As principais causas que afetam os itens de controle do processo, e que podem ser medidas e controladas, são denominadas itens de verificação.Os itens de controle são estabelecidos sobre o resultado do processo e, portanto definem responsabilidade. Já os itens de verificação são determinados sobre as causas do processo e então definem autoridade. Os bons resultados de um item de controle são garantidos pelo acompanhamento dos itens de verificação. É importante destacar que um item de verificação de um processo pode ser um item de controle de um processo anterior.
Problema é o resultado indesejável de um processo, ou seja, é um item de controle que não atinge o nível desejado.A lacuna entre o nível desejado para o item de controle e o nível alcançado pelo item de controle.
Campos, V.F. (1992) estabelece que o controle do processo compreende três ações principais:
1. Estabelecimento da Diretriz de Controle (Planejamento da Qualidade) consta da meta, que é a faixa de valores desejados para o item de controle (nível de controle), e do método, que são os procedimentos necessários para o alcance da meta.
2. Manutenção do Item de Controle consiste em garantir que a meta estabelecida no item um seja atingida. Caso isto não ocorra, será necessário atuar nas causas que provocaram o desvio e recolocar o processo no estado de funcionamento adequado.
3. Alteração da Diretriz de Controle (Melhorias) consiste em mudar o nível de controle atual e alterar os procedimentos padrão de tal forma que o novo nível de controle seja atingido. Estas alterações têm o objetivo de melhorar o nível de qualidade planejado inicialmente.

O Ciclo PDCA de Controle de Processos

O ciclo PDCA é um método gerencial de tomada de decisões para garantir o alcance das metas necessárias à sobrevivência de uma organização:
· Planejamento (P) – consiste em estabelecer metas e estabelecer o método para alcançar as metas propostas.
· Execução (D) – executar as tarefas exatamente como foi previsto na etapa de planejamento e coletar dados que serão utilizados na próxima etapa de verificação do processo. Na etapa de execução são essenciais à educação e o treinamento no trabalho.
· Verificação (C) – A partir dos dados coletados na execução, comparar o resultado alcançado com a meta planejada.
· Atuação corretiva (A) – esta etapa consiste em atuar no processo em função dos resultados obtidos. Existem duas formas de atuação possíveis: adotar como padrão o plano proposto, caso a meta tenha sido alcançada e, agir sobre as causas do não-atingimento da meta, caso o plano não tenha sido efetivo.
Na utilização do método poderá ser preciso empregar várias ferramentas, as quais constituirão os recursos necessários para a coleta, o processamento e a disposição das informações necessárias à condução das etapas do PDCA: Sete ferramentas da qualidade, Amostragem, Análise de Variância, Planejamento de experimentos, Otimização de processos, Análise Multivariada e Confiabilidade. Quanto mais informações (fatos e dados, conhecimentos) forem agregadas ao método PDCA, maiores serão as chances de alcance da meta e maior será a necessidade da utilização de ferramentas apropriadas para coletar, processar, e dispor estas informações durante o giro do Ciclo.

METAS

Metas para manter constam de uma faixa aceitável de valores para o item de controle considerado, representando especificações de produto provenientes dos clientes internos e externos da empresa. As metas para manter são denominadas metas padrão.
Metas para melhorar constam do fato de que o mercado (clientes) sempre deseja um produto cada vez melhor, a um custo cada vez mais baixo e com uma entrega cada vez mais precisa. A entrada de novos concorrentes no mercado e o surgimento de novos materiais e novas tecnologias também levam a necessidade do estabelecimento de metas de melhoria. Observe que metas de melhoria são metas que deverão ser atingidas e, que para isso deveremos mudar a maneira atual de trabalhar. Cada meta de melhoria irá gerar um problema que deverá ser atacado pela empresa.

As metas vêm do mercado, isto é, resultam dos desejos dos clientes, os quais querem um produto consistente (metas para manter) e, ao longo do tempo, também desejam um produto cada vez melhor sob os aspectos qualidade intrínseca, custo e entrega (metas para melhorar). Para que estas metas (fins) possam ser atingidas, será necessário atuar nos processos (meios) da empresa.

- ATUAÇÃO PARA O ALCANCE DAS METAS PARA MANTER

As metas para manter (metas padrão) são atingidas por meio de operações padronizadas. Como o plano que permite o atingimento da meta padrão é o Procedimento Operacional Padrão (“Standard”), o ciclo PDCA empregado para o atingimento das metas para manter pode ser denominado SDCA. O SDCA representa como devemos trabalhar para manter o resultado desejado.
- S → a meta padrão representa o resultado que desejamos atingir com nosso trabalho e procedimento operacional padrão é o planejamento do trabalho repetitivo que deve ser executado para o alcance da meta padrão.
- D → os elementos necessários ao cumprimento dos procedimentos operacionais padrão são:
· Treinamento no trabalho (“On the Job training”), cada pessoa da empresa deve estar bem treinada para executar as tarefas que ela realiza no dia-a-dia, de tal forma que ela seja “a melhor do mundo” naquilo que faz. Esse treinamento é baseado nos procedimentos operacional padrão.
· Supervisão, cada chefia, (inclusive diretores e gerentes) deve acompanhar o trabalho de seus subordinados com o objetivo de verificar se os procedimentos operacionais padrão estão sendo cumpridos.
· Auditoria, a certeza de que todos os procedimentos operacionais padrão da empresa estão sendo cumpridos deve ser levada às chefias pelas auditorias regulares do Departamento da Garantia da Qualidade, pelas auditorias regulares das próprias chefias e pelas auditorias externas.

- C -→ A etapa de verificação consiste no acompanhamento (monitoramento) da meta, ou seja, em avaliar se a meta foi ou não alcançada. A verificação é feita nos fins (resultado final do processo) e não nos meios.
- A → Caso a meta padrão não tenha sido atingida, deve ser adotada a ação corretiva sobre o desvio detectado (anomalia), de acordo com o seguinte procedimento:
· Relato da anomalia;
· Remoção do sintoma;
· Análise da anomalia, seguida da adoção de contramedidas adicionais.

Portanto, dentro do SDCA devem existir os seguintes sistemas:
1. Sistema de Padronização (S).
2. Sistema de Treinamento no Trabalho (D).
3. Sistema de Supervisão e Auditoria (D).
4. Sistema de Monitoramento de todas as Metas Padrão (C).
5. Sistema de Tratamento de Anomalias (A).

- ATUAÇÃO PARA ATINGIR AS METAS PARA MELHORAR

Para atingir as metas de melhoria também utilizamos o Ciclo PDCA, ele também é denominado Método de Solução de Problemas, já que cada meta de melhoria gera um problema que a empresa deverá solucionar.
Em relação ao Ciclo PDCA de melhorias, devemos fazer as seguintes observações:
- P → O problema identificado na fase 1 da etapa P do PDCA é gerado a partir da meta de melhoria (estabelecida sobre os fins), a qual pode pertencer a uma das duas categorias relacionadas abaixo:
· Meta “Boa”: é aquela que surge a partir do plano estratégico, sendo baseada nas exigências do mercado e da necessidade de sobrevivência da empresa.
· Meta “Ruim”: é aquela proveniente das anomalias crônicas. Uma anomalia crônica prioritária identificada a partir do SDCA gera uma meta “ruim”, que deverá ser atingida por meio do giro do Ciclo PDCA para melhorias.
Deve-se observar que a existência de processos que apresentam diversas anomalias impede a empresa de atingir as metas “boas” provenientes do planejamento estratégico, já que a maior parte do tempo dedicado ao alcance de metas será voltada à solução de metas “ruins”. O trabalho que objetiva o alcance das metas “ruins” não agrega valor, já que apenas corrige algo que anteriormente foi mal feito.
Após o estabelecimento da meta e identificação do problema, deve ser feita uma análise do fenômeno ou análise do problema (observação), para que as características do problema possam ser reconhecidas. A análise do fenômeno, realizada sobre os fins, consiste em investigar as características especificas do problema, com uma visão ampla e sob vários pontos de vista. Esta análise permite a localização do foco do problema.
A Análise do Processo, realizada sobre os meios, que tem por objetivo a descoberta das causas fundamentais dos problemas. Na Análise do Processo devemos investigar o relacionamento existente entre o fenômeno, concentrada nossa atenção no foco do problema identificado na fase anterior, e quaisquer deficiências que possam existir no processo (meios).
Após a condução da análise do processo, deve ser estabelecido o plano de ação (sobre os meios), que é um conjunto de contramedidas com o objetivo de bloquear as causas fundamentais. Para cada tarefa constante do plano de ação, deverá ser definido o “5W1H”: o quê (“WHAT”) será feito, quando (“WHEN”) será feito, quem (“WHO”) fará, onde (“WHERE”) será feito, por quê (“WHY”) será feito e como (“HOW”) será feito.
A etapa de planejamento do Ciclo PDCA de melhorias consiste então no estabelecimento de metas sobre os fins e na definição das ações que deverão ser executadas sobre os meios para que a meta possa ser atingida. Essa é a etapa mais difícil do PDCA. No entanto, quanto mais informações forem agregadas ao planejamento, maiores serão as possibilidades de que a meta possa ser atingida. Além disto, quanto maior o volume de informações utilizadas, maior será a necessidade do emprego de ferramentas apropriadas para coletar, processar e dispor estas informações. Também é importante destacar que a quantidade de informações e o grau de sofisticação das ferramentas à etapa P variam de acordo com o tipo de atividade no qual o giro do PDCA está inserido, ou seja, dependem da complexidade do problema sob consideração.
- D → A etapa de execução do PDCA de melhorias consiste no treinamento das tarefas estabelecidas no plano de ação, na execução destas tarefas e na coleta de dados que serão utilizadas na etapa seguinte, de confirmação da efetividade da ação adotada.
- C → Na etapa de verificação do Ciclo PDCA de melhorias será feita a confirmação da efetividade da ação de bloqueio adotada. Se o bloqueio não foi efetivo e a meta de melhoria não foi atingida, devemos retornar a fase de observação, fazer uma nova análise, elaborar um novo plano de ação e emitir o chamado “Relatório de Três Gerações”, que é o documento que relata o esforço de se atingir a meta por meio do giro do PDCA. O Relatório de Três Gerações deve mostrar:
· O que foi planejado (passado);
· O que foi executado (presente);
· Os resultados obtidos (presente);
· Os pontos problemáticos, responsáveis pelo não atingimento da meta (presente);
· A proposição (plano) para resolver os pontos problemáticos (futuro).
Caso o bloqueio tenha sido efetivo, resultado no alcance da meta, devemos passar à etapa A do PDCA de melhorias.
- A → A fase de padronização da etapa A consiste em adotar as ações que “deram certo”, isto é, as ações cuja implementação permitiu o alcance da meta. Observe que, para que a consolidação do alcance da meta de melhoria possa ocorrer, a nova maneira de trabalhar definida a partir do giro do PDCA de melhorias deverá ser utilizada no dia-a-dia, passando então a constituir o novo patamar que será adotado como padrão (Procedimento Operacional Padrão) na etapa S do Ciclo SDCA. Neste sentido, dizemos que o PDCA de melhorias modifica o SDCA, colocando-o em um patamar de desempenho mais elevado.
Após a padronização vem a fase de conclusão, na qual deve ser feitos uma revisão das atividades realizadas e o planejamento para o trabalho futuro.
Para encerrar as observações relativas à atuação para o alcance das metas de melhoria, é importante ressaltar que existem duas maneiras pelas quais estas metas podem ser atingidas por meio do giro do Ciclo PDCA:
1. Melhorando-se continuamente os processos existentes: neste tipo de atuação são feitas sucessivas modificações nos processos existentes na empresa, tais como dar treinamento aos operadores, empregar matérias primas de qualidade mais uniforme e otimizar a forma de utilização de equipamentos e ferramentas. Estas modificações geralmente conduzem a ganhos sucessivos obtidos sem nenhum investimento ou com pequenos investimentos.
2. Projetando-se um novo processo ou fazendo-se modificações substanciais nos processos existentes. O projeto de um novo processo ou a realização de grandes modificações no processo existentes são ações necessárias quando as metas colocadas no mercado são tão desafiadoras que não podem ser atingidas pelo processo existente. Geralmente esse procedimento em grandes avanços para a empresa, mas também implica na realização de investimentos elevados. A implantação de um processo totalmente informatizado, visando o alcance das metas de melhoria, é um exemplo deste modo de atuação.



- As ferramentas da qualidade podem ser integradas aos Ciclos PDCA e SDCA, exercendo o papel de instrumentos para a coleta, a disposição e o processamento das informações necessárias à manutenção e à melhoria dos resultados dos processos de uma empresa.


COLETA DE DADOS

- OBJETIVO DA COLETA DE DADOS
Os dados representam a base para a tomada de decisões confiáveis durante analise de qualquer problema. Como todo procedimento de obtenção de dados deve ser seguido por algum tipo de ação, é importante ter bem claros quais são os objetivos de coleta de dados, já que estes objetivos indicarão as características que os dados deverão apresentar.
Os principais objetivos da coleta de dados são Desenvolvimento de Novos Produtos, Inspeção, Controle e Acompanhamento de Processos Produtivos e Melhoria de Processos Produtivos.
Para o desenvolvimento de novos produtos geralmente são utilizados dados provenientes de pesquisa de mercado, as quais são realizadas com o propósito de tornar conhecidos para a empresa os desejos e as opiniões dos clientes. Este conhecimento é um elemento fundamental nos estágios iniciais do ciclo de desenvolvimento dos produtos da empresa, quando os novos produtos são projetados e os produtos já existentes são aperfeiçoados.
Estes dados são utilizados com o objetivo de aprovar ou rejeitar um produto após realização de uma inspeção (vistoria). Estes dados permitirão a classificação de um produto em uma das categorias defeituoso (não-conforme) ou não defeituoso (conforme). Note que um produto é dito não defeituoso ou conforme se ele satisfaz aos limites de especificação. Este tipo de classificação é geralmente realizado para o produto final fabricado pela empresa e também para os produtos recebidos dos fornecedores (matéria-prima).
Os dados coletados para o gerenciamento de processos, podem ser utilizados, por exemplo, para:
· Avaliar se um processo está ou não sob controle estatístico
· Quantificar a variabilidade associada a algum item de controle de interesse de um processo.
· Determinar se um processo é ou não capaz de atender às especificações estabelecidas pelos clientes.

Os dados coletados com o objetivo de melhorar os resultados de um processo, nas duas situações abaixo:
Quando as operações padronizadas do processo produzem valores do item de controle que não satisfazem à meta estabelecida pela empresa.
Quando existe uma decisão gerencial de que a atual diretriz de controle (meta + método) deve ser alterada, com objetivo de melhorar o nível de qualidade do processo, tendo em vista as exigências do mercado e a necessidade de sobrevivência da empresa.
O Ciclo PDCA para melhorar resultados (Método de Solução de Problemas) é geralmente empregado nestas duas situações, para a melhoria do processo.
Quando o Ciclo PDCA para melhorar é utilizado no item de controle não satisfaz a meta estabelecida (meta ruim), geralmente são empregados dados referentes aos itens de controle coletados habitualmente, sem que sejam feitas modificações na rotina do processo. Este contexto de realização de coleta de dados é definido como ausências de interferências do processo.
Quando o Ciclo PDCA para melhorar é empregado para elevar o nível de qualidade do processo (alcance de uma meta boa), geralmente será necessário dispor de dados que gerem informações que serão utilizadas na determinação de sentido para o qual o processo deverá ser redirecionado, com o objetivo de atingir a nova meta proposta no plano de melhoria. Para obter esses dados, na maioria das situações será preciso realizar interferências no processo, ou seja, deverão ser provocadas alterações planejadas e controladas nos fatores (causas) do processo, com o propósito de que as mudanças correspondentes nos seus efeitos possam ser observadas. Será necessário realizar uma modificação na rotina do processo para a obtenção destes dados. Este segundo contexto de realização da coleta dados é definido como realização de interferências no processo.
No contexto de ausência de interferências no processo é comum a utilização dos chamados dados históricos ou dados já existentes. Os dados históricos são aqueles que já estão disponíveis na empresa e que podem ser importantes para a solução do problema gerado a partir de uma meta de melhoria de um processo. Muitas vezes esses dados são automaticamente registrados durante a operação do processo e consistem de medidas de um item de controle de interesse (y) e das medidas correspondentes dos itens de verificação do processo (x1, x2, x3...).
Já no contexto de realização de interferências no processo, é usual o emprego de dados provenientes dos chamados experimentos planejados. Um experimento planejado é um procedimento no qual mudanças propositais são feitas nos fatores (causas) do processo, de modo que se possam avaliar as possíveis alterações sofridas pelo efeito do processo (variável resposta), como também as razões destas alterações. Na maioria das situações, a realização das mudanças nos fatores do processo, em um experimento planejado, envolve a necessidade de operação do processo fora das condições rotineiras.

TIPOS DE DADOS
- Dados discretos: são aqueles resultantes quando o numero de ocorrências de uma característica particular de interesse (atributo) é contado. Em outras palavras, as medidas consistem em contar o numero de itens do produto que apresentam o atributo de interesse, ou, em contar o numero de ocorrências da característica de interesse em cada item do produto.
- Dados contínuos: são aqueles medidos em uma escala continua.

Exemplos:
Discretos
- número de eixos de um lote cujos diâmetros satisfazem às especificações.
- número de arranhões em uma certa peça de plástico.
Contínuos
- temperatura em um forno (em graus Celsius)
- rendimento de uma reação química (em %)

Note que os dados discretos geralmente são obtidos sob a forma de números inteiros e não sob a forma de frações ou números decimais. Quando os itens coletados forem expressos de uma maneira decimal, mesmo assim eles são atributos.
Em uma serie de medidas de uma variável continua, os valores a principio podem parecer discretos, apresentando saltos de um valor para o próximo. No entanto, estes dados são de fato contínuos, já que determinado item esta agregando arredondamentos da faixa, devido à limitação do medidor.

POPULAÇÃO E AMOSTRA

Em controle de qualidade, os dados representam a base para a tomada de decisões confiáveis e para a adoção de medidas mais apropriadas frente a uma determinada situação que esteja sendo analisada.
Nosso propósito quando coletamos dados pode ser, em primeiro lugar, obter informações sobre lote de produtos, sobre a estabilidade de um processo, sobre a capacidade de um processo atender à faixa de especificação e sobre os resultados obtidos quando realizamos alterações nos fatores de manufatura do processo de interesse. A seguir, tendo em vista as informações obtidas, desejaremos adotar as ações mais apropriadas. Na terminologia estatística, a totalidade dos itens sob consideração em cada uma destas situações e que será objeto de ação que iremos adotar, é denominada população.
Já um subconjunto de itens extraídos de uma população, por meio do qual pretendemos obter informações sobre esta população, é denominada amostra. Em estatística é freqüente trabalharmos com as chamadas amostras aleatórias, para as quais todos os elementos da população têm a mesma chance de serem escolhidos para compor a amostra. Uma amostra aleatória tem a propriedade de refletir as características da população da qual foi extraída.
Quando a ação será exercida sobre um processo para que sejam fabricados bens ou fornecidos serviços de melhor qualidade, devemos considerar o processo de interesse como uma população infinita. Note que tomamos o lote ou uma parte de um lote de produtos emergentes do processo como uma amostra de nossa população, e a seguir medimos as características de interesse desta amostra com o objetivo de avaliar o processo (a população) está sendo operado de maneira adequada. A partir dos resultados obtidos por esta avaliação, adotamos as medidas necessárias no sentido de que o processo funcione da melhor forma possível, fornecendo bens ou serviços de boa qualidade. Quando a ação será exercida sobre um lote de produtos, a população é representada pelo lote, sendo então de tamanho finito. Esta situação corresponde aos casos em que está sendo realizada uma inspeção ou uma estimação de qualidade do produto considerado.

ESTRATIFICAÇÃO

Consiste na divisão de um grupo em diversos subgrupos com base em fatores apropriados, os quais são conhecidos como fatores de estratificação, consiste no agrupamento da informação (dados) sob vários pontos de vista, de modo a focalizar a ação. Os fatores equipamentos, insumos, pessoas, métodos, medidas e condições ambientais são fatores naturais para a estratificação de dados. A estratificação é uma ferramenta muito efetiva nas etapas de observação, análise, execução, verificação e padronização do ciclo PDCA para melhorar e nas etapas de execução e ação corretiva PDCA para manter. É importante registrar todos os fatores de estratificação que sofrem alterações durante a coleta de dados.

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