quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

De onde vem a consciência ambiental

Os principais encontros mundiais e seus avanços para conscientização ambiental de empresas, pessoas e comunidades, contadas em ordem cronológica. Confira!

Os problemas ambientais apontam para a necessidade de se repensar processos de produção de modo a criar-se e adotar-se normas e leis específicas. Essa necessidade se deu, em maior escala, nos períodos da Idade Média, com o crescimento populacional nas cidades, da Revolução Industrial, com maior concentração da população nas cidades, e também na Segunda Guerra Mundial,que agravou os índices de poluição por conta do grande crescimento da produção industrial.

Assim, ONGs ambientalistas e a conscientização dos países desenvolvidos sobre os problemas ambientais contribuíram para que as Nações Unidas decidissem, em 1968, convocar a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, que ocorreria anos mais tarde em Estocolmo, na Suécia.

1971 - Painel de FOUNEX (Suíça)
O conceito de ecodesenvolvimento (desenvolvimento baseado na potencialidade de cada ecossistema) leva em conta a participação das populações locais, a redução dos desperdícios de qualquer ordem e a reciclagem dos resíduos.

Neste mesmo ano, o Clube de Roma (formado por cientistas de vários países) publicou seu primeiro relatório chamado "Os limites do crescimento" (The limits to growth), baseado em um complexo modelo matemático mundial.

1972 - Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano - Estocolmo (Suécia)
A Assembléia Geral das Nações Unidas, realizada no final de 1972, aprovou a proposta para a criação do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), com o objetivo de catalisar e coordenar as atividades de proteção ambiental dentro do sistema das Nações Unidas.

1976 - Divulgação do terceiro relatório do CLUBE DE ROMA - "Para uma nova ordem internacional"
O Clube de Roma divulgou seu terceiro relatório, intitulado "Para uma nova ordem internacional" (Reshaping the international order), demonstrando a relação média de renda entre os países desenvolvidos e os subdesenvolvidos, que era de 13 para 1. Tal valor foi considerado inaceitável, em função dos problemas sociais que já estava provocando (migração clandestina para os países industrializados, por exemplo) e o que poderia causar em um futuro próximo.

1981 - Estratégia Mundial para a Conservação - UICN (União Mundial para a Conservação) e PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente)
O objetivo era alertar a opinião pública para os perigos das pressões exercidas sobre os sistemas biológicos, introduzindo o termo "Desenvolvimento sustentável" e enfatizando três objetivos para a conservação do planeta Terra:
- Manter os processos ecológicos essenciais e os sistemas de sustentação da vida;
- Preservar a diversidade genética;
- Assegurar a utilização sustentada de espécies e ecossistemas.

1982 - Sessão especial do Conselho de Administração do PNUMA - NAIROBI (Quênia)
Uma nova e importante preocupação entrava em cena: Os problemas ambientais globais indicavam que os resíduos e a poluição gerados pelas atividades humanas já estavam excedendo, em algumas áreas, a capacidade de assimilação da biosfera.

1983 - Comissão Mundial Independente sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Comissão Brundtland)
"Nosso futuro comum" (Our common future) foi o nome dado ao relatório divulgado pelas Nações Unidas em 1987, que defendeu o desenvolvimento sustentável como a única alternativa para viabilizar o futuro da humanidade, evitar a incontrolável mortalidade da população prevista no primeiro relatório do Clube de Roma e impedir as graves convulsões sociais previstas no terceiro relatóriodo Clube de Roma.

1988 - 43ª Sessão da Assembléia Geral das Nações Unidas - Resolução 43/196
Em 1988, a 43ª Sessão da Assembléia Geral das Nações Unidas aprovou a Resolução 43/196, que propunha realizar, até 1992, uma nova conferência sobre temas ambientais, com o objetivo de discutir as conclusões e as propostas do Relatório Brundtland e comemorar os 20 anos da Conferência de Estocolmo.
A OMM (Organização Metereológica Mundial) criou o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), publicando o seu primeiro relatório em 1990.

1992 - "ECO 92" – Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – CNUMAD - RIO DE JANEIRO (Brasil)
O evento e contou com dois importantes encontros:
- A Conferência das Nações Unidas (governamental), com a presença de 178 países e a participação de 112 Chefes de Estado, resultando na maior conferência desse tipo jamais realizada.
- O Fórum Global, uma conferência paralela dos setores independentes (ONGs ambientalistas e outros setores como indústrias, povos tradicionais, mulheres, etc.)

Esta conferência realizada no Rio de Janeiro contou com mais de 30 mil pessoas mudou o estilo de desenvolvimento de nossas gerações futuras, além de resultar em diversos avanços.

1995 - COP 1 - 1ª Conferência das Partes sobre Mudança Climática - BERLIM (Alemanha)
A primeira Conferência das Partes foi marcada pela incerteza quanto ao significado do que cada um dos países possuía para combater as emissões de gases com efeito de estufa. Isso resultou no “Mandato de Berlim”, que estabeleceu um período de dois anos de análise e fase de avaliação para prover um catálogo de instrumentos a partir do qual os países membros podiam escolher e compor um conjunto de iniciativas que correspondem às suas necessidades.

1997 - COP 3 - 3ª Conferência das Partes sobre Mudança Climática - QUIOTO (Japão)
Os países industrializados deveriam reduzir suas emissões de gases estufa em 5,2% em média até 2012. O Protocolo de Quioto é consequência de uma série de eventos iniciada com a Toronto Conference on the Changing Atmosphere, no Canadá (1988), seguida pelo IPCC's First Assessment Report em Sundsvall,Suécia (1990) e que culminou com a Convenção –Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (ECO 92), no Rio de Janeiro, Brasil (1992).

2002 - Cúpula Mundial para o Desenvolvimento Sustentável - JOHANNESBURGO (África do Sul)
O Secretário Geral das Nações Unidas, Kofi Annan,declarou, na solenidade de encerramento, que, se tivesse de agradecer a algum país, agradeceria ao país anfitrião, por sediar a conferência e ao Brasil, por ser o país que mais havia avançado na questão ambiental nos últimos 10 anos.

2009 – COP 15 - 15ª Conferência das Partes sobre Mudança Climática - Copenhague (Dinamarca)
Realizada para decidir sobre a continuação ou não do Protocolo de Quioto e sobre novas metas de redução da emissão dos gases estufa para os países industrializados (dessa vez incluindo países emergentes, como o Brasil, China e Índia), porém não houve acordo entre os países, pela não definição de metas concretas, por parte dos Estados Unidos, e pela recusa da China em aceitar metas obrigatórias, e mesmo tendo sido considerada um fracasso, foi importante para preparar o processo de negociações dos próximos encontros.

2010 - 10ª Conferência das Partes da Organização das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica - NAGOYA (Japão)
O maior avanço dessa Conferência foi um acordo dos países em torno de três principais temas:
- O protocolo de acesso e repartição de benefícios dos recursos genéticos da biodiversidade (ABS na sigla em inglês) com os aspectos principais contemplados;
- Um Plano Estratégico para o período 2011/2020 relativamente ambicioso de redução da perda de biodiversidade para a próxima década;
- Uma sinalização de recursos financeiros para a implementação das ações de conservação.

2010 - COP 16 - 16ª Conferência das Partes sobre Mudança Climática - CANCUN (México)
O grande avanço dessa conferência tenha sido a criação do “Fundo Verde”, que irá distribuir US$100 bilhões por ano para a adaptação e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas nos locais mais vulneráveis, recursos estes que serão administrados pelo Banco Mundial.

Desde o começo, a Conferência do Clima (COP16) deixou de lado a idéia de um acordo global com força de lei para limitar as emissões e se focou em conseguir avanços concretos em temas como financiamento, preservação florestal e transferência de tecnologias limpas.

Após diversos encontros e discussões, ao longo de mais de quase 40 anos, o conceito de desenvolvimento sustentável está muito claro, mas a prática deve superar três grandes desafios globais:
- Garantir a disponibilidade de recursos naturais;
- Respeitar os limites da biosfera para absorver resíduos e poluição;
- Reduzir a pobreza em nível mundial.

As empresas que querem continuar competitivas devem atuar de forma sustentável, adotando um novo modelo de pensar e fazer negócios, procurando conciliar resultados econômicos, sociais e ambientais, representando uma nova visão de negócio: sensível,
ética e, sobretudo, inteligente.



Ednei Fialho Lopes (Especialista em meio ambiente pela Fundação Getúlio Vargas, atua no Banco HSBC há 13 anos e como Climate Champion desde 2008, formado pelo Programa HSBC Climate Partnership. Desenvolve e lidera projetos de ecoeficiência e ações de voluntariado socioambiental para o Comitê Regional de Ação Voluntária do Estado de São Paulo, além de promover campanhas de conscientização, palestras e atividades em seu blog, chamado Faça Sua Parte).



Fonte: http://www.hsm.com.br/editorias/sustentabilidade/de-onde-vem-consciencia-ambiental?utm_source=news_sustentabilidade_090211&utm_medium=news_sustentabilidade_090211&utm_content=news_sustentabilidade_090211_de-onde-vem-consciencia-ambiental&utm_campaign=news_sustentabilidade_090211

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Terceiro Setor e possibilidades de carreira internacional

Por Renato Guimarães
Há pouco participei de um bate-papo com executivos em “transição de carreira” sobre possibilidades de carreira no terceiro setor. A ideia era compartilhar um pouco da minha experiência de quase 20 anos trabalhando na área. Foi uma conversa interessante e instigante que serviu para mostrar que ainda existe muito desconhecimento sobre as possibilidades de crescimento profissional no setor não lucrativo.

Apenas para esclarecer a nomenclatura, “terceiro setor” é um conceito que surgiu no começo dos anos 90 do século passado, nos Estados Unidos, para designar o amálgama de organizações privadas que prestam serviços de interesse público (ONGs, fundações, institutos etc.), em contraposição ao “primeiro setor” (Estado) e ao “segundo setor” (Mercado).

Minha impressão, em geral, é que muitos profissionais com experiência de mercado migram para o terceiro setor idealizando que finalmente poderão fazer o bem de forma direta por meio de seus conhecimentos profissionais. Levam também o medo (muito real) de se deparar com baixos salários e outras formas de precariedade trabalhista.

O idealismo muitas vezes se esvai rapidamente, quando o profissional se dá conta de que uma ONG ou entidade filantrópica tem todos os problemas que qualquer organização criada e composta por seres humanos. Apesar dos objetivos nobres, não deixam de existir disputas de egos, incompetência ou problemas com o uso de recursos. Tudo isso exponenciado pelo desafio constante de equilibrar o fluxo de caixa, geralmente por meio de doações, o que causa constante estresse sobre a equipe, insegura quanto à existência de recursos para pagar salários e outros benefícios.

A emergência da sociedade civil organizada por meio de ONGs, fundações e outras entidades sem fins de lucro é um dos eventos mais notáveis e revolucionários que aconteceram na segunda metade do século passado.

Não sem razão, campeia no terceiro setor brasileiro “soluções criativas” como a contratação “PJs”, ou “pessoas jurídicas”, profissionais que abrem suas empresas para prestar serviço. Apesar de ser uma opção legítima, muitas vezes esta solução acaba servindo para ajudar as organizações a escapar da carga trabalhista embutida na contratação via CLT. Isto apenas faz aumentar a precariedade das relações de trabalho no setor e afeta até mesmo ONGs que defendem o fortalecimento dos direitos individuais em diversos campos.

Com isso, não quero pintar um quadro negativo do setor no qual trabalhei e militei por tantos anos. Evidentemente a emergência da sociedade civil organizada por meio de ONGs, fundações e outras entidades sem fins de lucro é um dos eventos mais notáveis e revolucionários que aconteceram na segunda metade do século passado.

Mas algo que posso afirmar com toda a certeza é de que não devemos idealizar nem vilipendiar, por princípio, nenhum dos três setores (Estado, Mercado e Sociedade Civil). Se há uma coisa que a sustentabilidade traz na sua essência é a constatação de que as soluções duradouras para os complexos desafios da humanidade implicam necessariamente uma ação equilibrada destes três pilares.

Esta foi mais ou menos a introdução da minha conversa. Mas para não desanimar os executivos presentes, deixei claro que acredito que o Terceiro Setor é cada vez mais uma opção atraente para profisisonais sérios e dedicados. O setor, como um todo, vem evoluindo bastante nas suas práticas e precisa muito de profissionais qualificados e bem intencionados.

Não há dúvida de que existe, sim, espaço para soluções criativas que tragam a experiência do mercado para ajudar a aumentar o impacto da ação destas organizações.

Carreira internacional
Chamei a atenção especialmente para o fato de que existe, também, todo um mercado para profissionais qualificados interessados em fazer carreira no exterior. É um dado que muitas vezes não entra no radar dos executivos, tanto aqueles em início de carreira, como os que estão em “frase de transição”.

Podemos dividir este mercado, grosseiramente, em três grandes áreas: as chamadas INGOs (international NGOs – ONGs internacionais), o sistema ONU e agências congêneres (BID, agências governamentais de promoção do desenvolvimento) e as Fundações privadas internacionais.

Mercado internacional para profissionais interessados em carreiras no Terceiro Setor
Eu me concentrei nas INGOs, que formam uma comunidade de organizações não governamentais cujas principais características, além da atuação internacional, são a enorme capacidade de arrecadação e mobilização de recursos financeiros e técnicos em diversos países. Isto sem contar uma grande influência na mídia e o desenvolvimento de campanhas públicas e de ações de influência sobre tomadores de decisão tanto nos governos de seus países de origem como naqueles onde atuam (também conhecido pelo termo inglês “advocacy”)

Entre as INGOs mais conhecidas pelo público brasileiro estão a Oxfam, Greenpeace, Care, Visão Mundial, Médicos Sem Fronteiras, PLAN, Anistia Internacional, WWF, entre outras. Em comum o fato de manejarem orçamentos anuais impensáveis para qualquer ONG brasileira, ter funcionários e voluntários atuando em diversos países do mundo ao mesmo tempo e, em geral, aplicarem sistemas de gestão muito parecidos com os do mundo empresarial.

Por exemplo, a Oxfam GB, onde trabalhei por sete anos gerenciando a área de comunicação para a América do Sul, teve em 2010 um orçamento líquido para investimento nas suas ações de luta contra a pobreza e trabalho humanitário na ordem de R$ 650 milhões. Além de usados em projetos próprios, estes recursos foram destinados a apoiar o trabalho de mais de mil organizações locais em 65 países.

Tudo isto tocado por cerca de 4.600 funcionários, 2.600 deles atuando nos diversos escritórios e operações da Oxfam ao redor do mundo. A entidade tem critérios de seleção muito semelhantes aos aplicados pelo mercado e valoriza profissionais bem capacitados, com domínio de idiomas, facilidade de trabalho em ambientes multiculturais e disponibilidade para trabalhar em outros países.

Profissionais dos campos da gestão de projetos e programas sociais, das áreas administrativa e financeira, recursos humanos, logística, comunicação e marketing, engenharia sanitária, por exemplo, são muito buscados.

Em termos salariais e outros benefícios, a Oxfam, como outras organizações do mesmo porte, procura se aproximar do que paga o mercado e em alguns países até mesmo o supera. Com toda certeza, as INGOs pagam melhor e tem mais benefícios do que grande parte das ONGs locais. Este tipo de relação profissional no processo de contratação pode ser encontrado no Greenpeace, outra INGO onde trabalhei por quase três anos.

A cobrança por resultados neste tipo de organização é também proporcionalmente maior. Em geral as INGOs contam com sistemas de estabelecimento de objetivos de trabalho e de avaliação equivalentes ao das empresas privadas, com os mesmos vícios e efeitos positivos.

Em todo caso, é um mercado de trabalho que deveria estar no radar dos profissionais interessados em dar um rumo diferente para uma carreira internacional. Vale a pena dar uma olhada constante nos áreas de “Jobs” ou “Employment” dos websites destas organizações (o da Oxfam GB pode ser visitado aqui).

O sistema ONU (que inclui as agências como Unicef, Unesco, FAO etc.), as agências governamentais de desenvolvimento, como a alemã GIZ (ex-GTZ), e as Fundações privadas internacionais (como a Ford, Rockefeller, MacArthur etc.) são outras áreas de trabalho muito interessantes para os profissionais e executivos que buscam uma carreira internacional diferenciada.

O problema é que são poucas as vagas disponíveis, no caso das fundações, ou o acesso a elas algumas vezes passa por um jogo político pesado, como no caso da ONU. Em todo caso, acho que vale a pena dar uma olhada de vez em quando no portal de carreiras nas Nacoes Unidas (aqui).

O domínio do inglês é básico para os profissionais interessados em seguir carreira internacional em INGOs ou ONU. O “plus a mais” vem com o domínio de uma terceira língua, como o espanhol ou o francês. Formação e pós-graduação (MBA e/ou mestrado/doutorado) na sua área de atuação em universidade de primeira linha é indispensável para fazer a diferença na reta final de qualquer processo de seleção. Muitas vezes isto é até superado pelo candidato que demonstra muita experiência prática no seu campo de trabalho.

Existe espaço para que mais profissionais brasileiros busquem este tipo de formação profissional e desenvolvimento de carreira internacional.

Há alguns programas de estudo que são referências para quem deseja seguir carreira internacional na ONU ou INGOs. Eu sugiro o Global Master of Arts Program da Fletcher School of International Affairs, ligado à prestigiosa Tufts University, fundada em 1852. O interessante deste programa é o fato de ser desenvolvido online e englobar três períodos de duas semanas de residência. Mais informações em aqui.

Outra opção interessante é a oferecida pelo Center on Philanthropy and Civil Society, ligado à City University of New York. Eles têm um programa internacional de “Senior Fellows”, que leva profissionais altamente qualificados de países emergentes para a sede do Centro para passar um período de imersão e estudos sobre o tema de filantropia e fundações comunitárias. Eu participei do programa em 1995 e posso garantir que e uma oportunidade única de aprofundar conhecimentos e construir relações que duram para toda a vida. Mais informações aqui.

Existe espaço para que mais profissionais brasileiros busquem este tipo de formação profissional e desenvolvimento de carreira internacional. Sem dúvida, a experiência que podem depois trazer para o Brasil é inestimável e está sendo cada vez mais reconhecida até mesmo pelo mercado.
Fonte:

http://gestaoorigami.com.br/renatoguimaraes/sustentabilidade/terceiro-setor-e-possibilidades-de-carreira-internacional/

Boas Práticas: no caminho do financiamento | Ambiente Energia

Boas Práticas: no caminho do financiamento Ambiente Energia

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Economia social, economia solidária, terceiro setor: do que se trata?

Por: Noelle Marie Paule Lechat
A partir da segunda metade da década de 90, aparece na literatura acadêmica brasileira uma série de novas categorias que poderíamos agrupar sob as apelações de “terceiro setor” e “economia solidária”. A pesquisa concentra-se na segunda categoria e tem por objetivo identificar sua origem e a realidade que ela pretende abranger. Neste texto são expostas algumas definições que podem ser encontradas na literatura internacional a respeito de termos como economia social, economia solidária, terceiro setor e outros mais. Deste confronto aparece que os conceitos utilizados no Brasil para estudar o campo da economia solidária tendem a uma certa estreiteza devido à pouca ênfase sobre questões como o resgate histórico anterior aos anos 80, a pluralidade ideológica e o hibridismo econômico, porém demonstram sensibilidade quanto à construção de uma outra cultura econômica e gerencial e chamam atenção para as tensões existentes entre economia de mercado, economia estatal e economia de reciprocidade que a categoria de terceiro setor tende a mascarar. Em vista disto, constata-se a necessidade de repensar esta categoria e de questionar as grandes expectativas assentadas na formação de uma economia solidária para a transformação da sociedade.


PDF -
http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/civitas/article/viewFile/91/1673

Mídias sociais e o Terceiro Setor

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Uso de receitas artificiais distorce as contas públicas

Os resultados fiscais de 2010 que acabam de ser divulgados mostram que não é totalmente destituída de razão a preocupação do Fundo Monetário Internacional (FMI) com o desempenho das contas públicas brasileiras. Mesmo com os artificialismos contábeis aos quais o governo recorreu, não foi possível cumprir a meta de superávit primário (diferença entre receitas e despesas, excluindo pagamento de juros) de 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB).

O governo central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) registrou superávit acumulado no ano de R$ 78,96 bilhões, equivalente a 2,16% do Produto Interno Bruto. Mas Estados e municípios fecharam o ano com 0,56% do PIB e ficaram aquém do 0,95% necessário. Com o fraco resultado das estatais, o superávit primário apenas atingiu 2,78% do PIB, ou R$ 101,7 bilhões, insuficientes para pagar a conta de juros de R$ 195,4 bilhões, de modo que o superávit nominal ficou em 2,56% do PIB.

Para chegar à meta, portanto, o governo deverá abater parte dos investimentos feitos pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que totalizaram R$ 22 bilhões.

Destaque absoluto em criatividade contábil foi a receita embolsada pelo governo com a antecipação da cessão onerosa devida pela Petrobras em função da exploração do petróleo do pré-sal, no valor astronômico de R$ 74,8 bilhões. Esses recursos seriam utilizados para manter a participação do governo no capital da estatal, após uma das maiores vendas de ações do planeta. Mas o governo acabou usando outras alternativas para isso, como as compras do Fundo Soberano do Brasil e do BNDES, e destinou ao aumento de capital R$ 42,9 bilhões.

A diferença de R$ 31,9 bilhões acabou embolsada como receita. Descontado o valor, o superávit do governo central cai para 1,06% do PIB. Ou seja, só a operação da Petrobras teve um impacto líquido positivo de 1,1% do PIB.

Receitas extraordinárias como essa não se repetirão neste e no próximo ano. Daí a preocupação do Fundo Monetário Internacional (FMI), expressa no relatório de atualização do Fiscal Monitor, publicada na semana passada. O Fundo avaliou que houve uma deterioração das contas públicas brasileiras "particularmente brusca", e prevê que o país não atingirá a meta deste ano de um superávit primário de 3% do PIB "por ampla margem".

Na atualização do Monitor Fiscal, o déficit nominal esperado para o Brasil neste ano aumentou de 1,2% do PIB projetado há cerca de dois meses para 3,1% do PIB. Para 2012, o aumento foi de 1,7% para 3,2%. A dívida bruta também aumentará, nas projeções do FMI, para 67,5% neste ano, recuando a 66,9% em 2012.

Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi mais fácil atribuir as críticas à tradicional ortodoxia do FMI do que explicá-las. Indiretamente, porém, acabou dando razão ao Fundo ao dizer que, neste ano, as coisas serão diferentes, com o contingenciamento de despesas do Orçamento e aperfeiçoamento do controle de gastos. Difícil mesmo será manter os investimentos do PAC, que a presidente Dilma não quer cortar de jeito nenhum.

É verdade que nenhum país escapa das críticas e preocupações da avaliação do Fiscal Monitor. Nem é preciso justificar a apreensão com as economias avançadas, comprometidas com políticas de afrouxamento monetário expansionistas.

As críticas feitas às economias emergentes como a brasileira têm um tom diferente. As receitas desses países melhoraram muito no último ano, em parte por causa da elevação forte dos preços das commodities e, em parte, pelo aumento dos preços dos ativos, causado pela entrada de capital externo. Segundo o FMI, o excedente de receitas foi principalmente usado para aumentar os gastos. Mas, alerta o Fundo, esse aumento de receita é temporário e muitos dos gastos feitos não. Por isso, em algum momento será necessário apertar o cinto.

O diretor do Departamento de Assuntos Fiscais do FMI, Carlo Cottarelli, não vê risco para o Brasil a curto prazo, mas conta com algum problema a médio prazo. "Dada a evolução dos preços das commodities, das taxas de juros e da atividade econômica, a posição de países como o Brasil deveria ser mais forte do que é atualmente", disse Cottarelli.

As observações de Cottarelli parecem mais sensatas do que "bobagens de um velho ortodoxo", como disse Mantega.



Fonte: Valor Econômico